quarta-feira, 20 de julho de 2016

o picadinho de minha avó

Meu tio Manoel, irmão mais novo de minha mãe, volta e meia falava de sua vontade de comer outra vez um picadinho de carne inesquecível que minha avó fazia, puxado na farinha de trigo. Eu imaginava que fosse algo parecido com uma receita que minha mãe fazia e de que eu não gostava nada: dourava-se a farinha em óleo, acrescentava-se a carne picada, sempre coxão mole, os temperos - cebola, alho, sal e pimenta - cozinhava-se na pressão. Recentemente, depois de experimentar várias versões do meu próprio picadinho, cheguei a um resultado que, modéstia à parte, agradou muito até a mim mesma, que não gosto desse prato. Uso filé mignon; passo os pedaços picados em farinha de trigo, bato o excesso, douro em pequenas porções em manteiga de muito boa qualidade (só o suficiente para selar), reservo. Refogo cebola ralada também em manteiga, acrescento sal, pimenta do reino, molho inglês e colorau. Acrescento um bom tanto de água (o molho vai engrossar devido à farinha de trigo em que foi selada a carne), deixo ferver bem, corrijo os temperos e trago para a panela a carne reservada. Rapidamente o molho engrossa  e a carne pega a temperatura de servir. Deve ser algo parecido com o que minha avó fazia. Quisera ter servido esse prato a meu tio; infelizmente, como com quase tudo na vida, demora-se tanto a aprender que quando chegamos no ponto de poder homenagear os mais velhos que um dia amamos e nos amaram, é muto tarde.