Há muito tempo venho ensaiando pintar um retrato do homem que aí está fazendo de conta que toca acordeom. Digo "fazendo de conta" porque é isso o que essa foto nos diz. Na verdade ele tocava mesmo, eu o conheci. Lembro-me inclusive de tê-lo visto - eu acocorada embaixo da cadeira de minha mãe - animar um arrasta-pé lá para os lados do Turvo, na minha já longínqua primeira infância.
O fotógrafo poderia ter dito: "então, seu Joanides, toque aí alguma coisa pra nós"; e ele tocaria, e no preciso momento em que um movimento mais enérgico desarrumasse uma mecha de seu cabelo e seu rosto se contraísse ou se distendesse numa expressão singular, clic. É claro que não foi isso o que o fotógrafo fez.
O fotógrafo poderia ter dito: "então, seu Joanides, toque aí alguma coisa pra nós"; e ele tocaria, e no preciso momento em que um movimento mais enérgico desarrumasse uma mecha de seu cabelo e seu rosto se contraísse ou se distendesse numa expressão singular, clic. É claro que não foi isso o que o fotógrafo fez.