quarta-feira, 11 de setembro de 2013

uma leitura perturbadora


Bernardo Kucinski escolheu a ficção – um romance - para contar a história verídica do “desaparecimento” de sua irmã durante a ditadura militar. Talvez venha daí a força perturbadora dessa narrativa: o que ele quer contar é tão terrível, que o mero documento não dá conta; foi preciso apropriar-se do fingimento da arte para expressar-se plenamente.
O centro de gravidade desse romance, em que o autor finge a fala de toda a gente envolvida no caso, é um pai devastado pelo sumiço kafkiano da filha e pela execração do nome dela por seus pares na Universidade de São Paulo, onde era professora na época do desaparecimento,  pela sociedade em geral e até pela comunidade judaica a que pertencia.
Nunca nenhuma narrativa dos horrores da repressão me assustou tanto.