Meu pai fazia um virado de feijão diferente de todos os outros que já comi. Lembrava, pela consistência, um cuscuz paulista: quando já frio, e principalmente amanhecido, podia ser cortado em pedaços ou quebrado em bolotas para se comer com as mãos; isto pela manhã, com café preto, é uma iguaria para deixar um autêntico caipira do Paraná de joelhos. No Paraná usa-se de preferência o feijão preto, ou usava-se naquele tampo, e em minha casa era mais comum a farinha de milho branca do que a de mandioca, embora esta possa ser usada aqui com vantagem, desde que em flocos. O preparo do virado não tem dificuldade nenhuma: refoga-se numa frigideira (daquelas pretas antigas de preferência) muita cebola; adiciona-se o feijão já cozido e temperado que sobrou do almoço, que deve estar com bastante caldo, deixa-se ferver bem, corrige-se o sal, acrescenta-se pimenta do reino e por último a farinha, em quantidade suficiente para fazer uma coisa bem mais espessa que um tutu, mas não solta como o virado à paulista. No fim, com o fogo desligado (ou com a frigideira puxada para o lado mais frio da chapa, se o fogão é a lenha, como era em minha casa), o segredo do meu pai: abafa-se o virado com um pano de prato bem usado, já úmido e sujinho, por alguns minutos. Se abafar com tampa ou pano limpo não fica a mesma coisa.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
o virado de meu pai
Meu pai fazia um virado de feijão diferente de todos os outros que já comi. Lembrava, pela consistência, um cuscuz paulista: quando já frio, e principalmente amanhecido, podia ser cortado em pedaços ou quebrado em bolotas para se comer com as mãos; isto pela manhã, com café preto, é uma iguaria para deixar um autêntico caipira do Paraná de joelhos. No Paraná usa-se de preferência o feijão preto, ou usava-se naquele tampo, e em minha casa era mais comum a farinha de milho branca do que a de mandioca, embora esta possa ser usada aqui com vantagem, desde que em flocos. O preparo do virado não tem dificuldade nenhuma: refoga-se numa frigideira (daquelas pretas antigas de preferência) muita cebola; adiciona-se o feijão já cozido e temperado que sobrou do almoço, que deve estar com bastante caldo, deixa-se ferver bem, corrige-se o sal, acrescenta-se pimenta do reino e por último a farinha, em quantidade suficiente para fazer uma coisa bem mais espessa que um tutu, mas não solta como o virado à paulista. No fim, com o fogo desligado (ou com a frigideira puxada para o lado mais frio da chapa, se o fogão é a lenha, como era em minha casa), o segredo do meu pai: abafa-se o virado com um pano de prato bem usado, já úmido e sujinho, por alguns minutos. Se abafar com tampa ou pano limpo não fica a mesma coisa.
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hummmmmmmmm
ResponderExcluirqualquer hora você precisa contar a história do virado viajado.
bjs
Para uma paulistana da gema como eu, essas histórias com fogão a lenha fazem sonhar
ResponderExcluirabraços
ana
EH!!!!!!
ResponderExcluirHOJE TEM BOLO?
PARABÉNS!
QUE TUA ALEGRIA SEJA REDOBRADA E QUE O ANO SEJA REPLETO DE NOVIDADES.
BEIJO GRANDE
Zazá,
ResponderExcluirna verdade foi ontem, e não teve bolo, mas teve feijão com arroz, bife e batata frita que eu não precisei fazer, o que é muito bom.
Já vi lá no teu blog a festa que você fez pra mim. Amei. Obrigada pelos votos.
beijos