segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ainda o namorado


Minha amiga Ieda, que tem a incrível capacidade de reconhecer todos os gansos de Águas de Lindóia, me fez por email esta inusitada revelação:

"[...]
Fiquei emocionada ao ler suas palavras, reconhecendo na foto o Lino. Afetivamente, chamei a princípio esse gansinho branco de Tontolino: ele nunca vinha comer guloseimas da minha mão como os outros e dificilmente encontrava no chão os pedaços de bolacha que eu jogava para ele.

Mas, Ayde, como você sabe, o Tontolino não é tonto: a sua sensibilidade, enorme, se reconhece. O Tontolino, o Lino não é tonto: ele é cego.

Difícil alimentá-lo, porque a natureza deu a meus outros amigos, inúmeros, a visão imediata da comida. O tempo do Lino é outro, mais demorado. Impressionante o modo como é capaz de atravessar o lago e passear ora pela grama, ora pelo galinheiro-“ganseiro”: talvez iluminado parcialmente pelo sol e pela presença dos demais, com a proximidade às vezes de dois gansinhos seus irmãos; e sempre o invisível, vivo interesse sentido por você.

Soou trágico o que eu escrevi, afinal talvez o Lino apenas não enxergue tão bem. Mas não deixa de ser cômica essa revelação sobre o seu “namorado”, até porque eu mesma andei com as “retinas fatigadas” [...], e a imagem do Lino é bonita inclusive por ele enxergar de outra forma. [...]"

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