quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Canção do vento e da minha vida"

[É preciso envelhecer para entender certas coisas]

"O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo."

Manuel Bandeira, 50 poemas escolhidos pelo autor, Cosac Naify, São Paulo, 2006

6 comentários:

  1. Este poema do Bandeira é lindíssimo, mas já tinha me esquecido, obrigada pela lembrança!
    um beijo

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  2. Ana,
    e o malvado do meu marido me diz que Bandeira e Drummond não precisam de divulgação aqui neste blog

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  3. É lindo realmente. Eu acho que estou um tantinho mais velha...
    hoje esse poema fez tanto mais sentido
    :)

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  4. Gosto muito de Manuel Bandeira. Seu post me fez ir até a estante, retirar "Estrela da Vida Inteira" e reler algumas poesias. Gosto muito das que estão reunidas em "A Cinza das Horas".

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  5. Falando em Bandeira, tenho um livro que gostei muito, sobre Manuel Bandeira: "Humildade, Paixão e Morte: A Poesia de Manuel Bandeira", de Davi Arrigucci Jr.- Companhia das Letras. Caso você não conheça, recomendo vivamente.
    Abraços.

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  6. Sonia,

    conheço, de ouvir falar, esse livro. Mas eu, como diz meu marido, só tenho "um pé na sala": a crítica de poesia já é demais para meus neurônios atrapalhados. Obrigada pela dica, de qualquer forma.

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