Ditas as duas outras razões, posso agora falar de uma terceira, que é a minha relação com a poesia. Nada em minha vida pode ser prosaico, o prosaismo me devasta. Minha necessidade de poesia é tanta, e eu tanto fiz que consegui até me casar com um poeta. Não sei dos outros poetas, mas do meu posso dizer que tem o olhar sempre um pouco desviado para as esferas - as celestes e aquelas dos canais SPORTV - o que o distrai bastante de mim. Tal distração não é de todo ruim, pois foi o que permitiu, lá no começo dos tempos, que ele não notasse que eu era ligeiramente torta, em mais de um sentido, e se deixasse fisgar. Hoje já não é mais possivel ignorar que eu seja torta, mas ele ainda não reparou que ultimamente dei também para ter bigodes. Meu poeta é também um ninho de alvéloas, pois à força de sustentá-lo em minha mão direita com o braço estendido para o alto, enquanto aguardo as trombetas do Juízo, meu olhar acabou por escapar de minha sombra soturna e ir a outras paragens, para além da "charneca deserta e nua".
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É a declaração de amor mais linda que eu li nos últimos tempos.
ResponderExcluirMe comovi. Muito.
Que o seu Poeta predileto perdure por muitos e
ResponderExcluirmuitos anos, que possa aparar-te, pois torta
como é precisa de um encosto gostoso e que seu buço, se entremeie como os cabelhos grisalhos de meu estimado cunhado.