sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Notas de uma cozinheira para um filósofo glutão e preguiçoso 2



(...continuação)

Anos depois, já em Curitiba, em meu próprio apartamento numa das “torres” do Cristo Rei com linda vista da cidade para oeste, podia eu mesma cozinhar meu feijão quando quisesse, coisa que raramente fazia, pois passava o dia inteiro fora de casa.
Eu e alguns amigos de trabalho almoçávamos por ali mesmo, nas imediações da Praça Osório, onde era possível encontrar, em mais de um lugar, comida honesta, barata e até bem caseira, como aliás se encontra no centro de qualquer cidade. Às vezes calhava de irmos à confeitaria Schaffer (que absurdo os curitibanos deixarem acabar essa confeitaria), que servia uns pratos executivos razoaveizinhos. Na confeitaria Schaffer não havia feijão, ou melhor, havia, mas bem escondidinho lá na cozinha, para os funcionários da casa e para clientes muito especiais. Para os mortais comuns “não, não, só temos o que está no cardápio, não trabalhamos com feijão”.
Ocorre que entre meus amigos, alguns até bem apessoados, havia um com uma aparência peculiar: digamos que se ele fosse um cavalo seria um desses garanhões altos e magníficos, de músculos desenhados sem exagero e pelo sedoso, dentes sadios e trote perfeito. Na verdade era só um menino doce, mas entre mulheres, principalmente se aparecesse de surpresa, provocava sempre uma certa instabilidade atmosférica; se fossem muitas, um dilúvio. Pois quando íamos com esse amigo à confeitaria Schaffer o melhor bife era para ele, sem sombra de dúvida, mas todos comíamos feijão.
(continua...)

2 comentários:

  1. Como assim!?
    Quem é esse?
    Eu não conheci!
    Ainda está por essa cidade?
    Explico: tenho tanta vontade de um feijãozinho!
    :)

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  2. Zazá, você não conheceu mesmo, e eu não sei por onde ele anda; perdi o contato com todos os meus amigos daí. Também não sei se ele mantém aquela forma toda para assegurar um feijãozinho prá gente.

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